sexta-feira, abril 28, 2006



A memória do corpo é incrível. Cabelos molhados, acabados de lavar, a tocarem os ombros ao mesmo tempo que os lábios se tocam e, lá fora, o cheiro a Verão.
Não, não é sobre uma só pessoa, é sobre a minha memória.


Série 24: Os Posts, a true classic.

SEXTA-FEIRA, JULHO 29, 2005

BIG 30

Meus queridos,

nasci grande e pesado, à hora de almoço no fim de Julho.
Aos 6 anos já tinha tido quase todas as doenças, da lista das urgências de pediatria, pele plástica no sobrolho, botas ortopédicas, negras nas canelas, visitas do meu Pai à direcção da escola, aprendido a nadar e uma irmã pequena. Linda.
Depois vieram mais negras, o Era uma vez um homem, os cromos do Dartacão, Conan o rapaz do futuro, as casas novas, o basket e a natação.

A partir dos 9, os singles dos Duran Duran e dos Wham, comprados na praça Velasquez, a bicicleta de corrida, mais visitas ao conselho directivo, mergulhos em Caminha e no Algarve, o Porto campeão europeu, os beijos na boca, o cabelo rockabilly, The Smiths, o Lloyd Cole e os melhores amigos do mundo feitos no Verão.

Aos 15, as All Stars, a Mach 7-7, querer ser como o Mike Stewart e como o Tony Hawk, os Pixies e os Nirvana, as novidades para o corpo, cabeça e coração, o leitor de CD, a mania que era baterista, mais uma casa nova, a fotografia, Portugal de mochila às costas, Verões míticos, Lisboa à noite e à chuva, os desenhos e as colagens a sério.

Aos 18 a faculdade que passou num suspiro, o primeiro inter-rail, as festas, mais amigos, os empregos e os biscates, descobrir que se pode namorar mais de 3 meses seguidos, a primeira ida ao Brasil, mais empregos, as conferências e as fanzines, os Açores dos amigos, mais Brasil amazônico, o meu proprio estúdio, a urgência de sair do Porto e descobrir outro lugar.

Aos 24, a ida para Barcelona, a vida nova, os melhores flatmates do mundo, namorar em castelhano das pampas, beber cañas ao atardecer, ainda salgado do Mediterrâneo, o segundo inter-rail, a viagem surpresa para a Argentina, empregos novos, aprender a chamar casa a outro lugar, mais Argentina que sabe quase a casa, Chile, Uruguay e fechar um ciclo em barna.

Parar para pensar e decidir, numa tarde, dar a volta ao mundo. 7 meses a viajar, descobrir o impensável e aprender a gostar dele, os amigos que se encontram mais do que se fazem, os amores e as cabanas, os ossos amassados e os pés esburacados, os desertos, glaciares, arrozais, cidades loucas e mares azuis azuis. O regresso que soube bem.
Repensar a vida, descobrir pessoas especiais, trabalhar aqui e ali... sempre mais ali. O mimo que de quem aqui ficou e aqui me vai segurando.
Isto e muito mais coisas e pessoas foram a minha curta existência.
Faço hoje 30 anos. A todos os que me surpreendem, me cuidam, me massacram e me continuam a fazer sorrir, obrigado, tem sido uma linda viagem. Só isso.


Um beijo grande e um imenso abraço,

Nuno

terça-feira, abril 25, 2006

25 de Abril. 1974-2006.



Foi há 30 anos que entre dúvidas e medos, alguns homens, quiseram devolver a esperança a um povo e a um país. Obrigado à minha Mãe por acreditar e me fazer sonhar; obrigado ao meu Pai, por mostrar, tranquilamente, quando se tem de ter coragem. Obrigado aos dois por me ensinarem a Liberdade.

Sempre gostei (muito) mais do capitão do Ribatejo, do que do comandante de entre-pampa-e-caribe. Esta é que é a minha t-shirt. Obrigado.

domingo, abril 23, 2006

CAMPEÕES.



Depois de um ano de naftalina e pesadelos, voltaram os Campeões e recuperou-se o nível.
Gracias, obrigado aos meninos e pegai lá… devargarzinho para não doer.

quinta-feira, abril 20, 2006



Galochas, História, Glamour, Cavalos e um Austin Martin.
All this delivered to us by, who else, the lovely Miss Spring.


Parabéns ao Nuno, Major do Tradução Simultânea, pelos 3 anos em blog maior.

quarta-feira, abril 19, 2006

sábado, abril 15, 2006




Ahhhhhhhhhhhhhhhhhh!

sexta-feira, abril 14, 2006



Basicamente, não servimos para nada. Não bastasse a vergonha alheia das Janelas Verdes estarem fechadas durante Agosto ou a Janela de Tomar estar encerrada à chave por um senhor que foi almoçar e já vem, temos isto.
Pronto e em Espanha temos isto.
Sim, somos uma bela bosta… e não se ponham com merdas, somos, uma bela bosta, os piores inimigos de nós mesmos.

Ah e isto. A bela ironia.


As coisas. As coisas que se dizem. O que acontece e o que vemos as pessoas deixarem acontecer. Sou um espírito demasiado livre para entender demasiadas coisas . Não que não me apaixone, sim… faço-o, se calhar demasiadas vezes. Mas as coisas deveriam rolar como são: quentes, urgentes, salgadas, absurdas, doces, brutas… nossas, sempre nossas.

O Francisco escreveu isto. E isto é das coisas mais bonitas que, sobre viagens, li. Só isso.


Nenhuma viagem sem coração

As coisas que recordo das viagens aparecem-me muito tempo depois: frases soltas, palavras ligadas a outras por fios sem nexo, labirintos, imagens que perco aqui e ali, que reencontro por acaso num livro ou em alguém que fala de outro lugar, sempre de outro lugar. Pessoas que falam com paixão – é isso que eu quero dizer: pessoas que falam com paixão. Pessoas como o N., com quem troco e-mails, mensagens de telefone para telefone, recados deixados entre viagens ou no meio de viagens.

Viajar, bem vistas as coisas, é sempre andar noutro lugar, estar sempre adiante da nossa vida. N., de resto, é um companheiro de viagem com quem nunca viajei. Eu estou a sair de um lugar e recebo um e-mail: estou a chegar a tal lugar. Da Irlanda à Indonésia, de Buenos Aires a Barcelona (onde vive uma parte do tempo, dividindo a sua vida com o Porto), N. deixa um rasto de viagens, de atenções, de fotografias, de relatos. Depois, fala desse rasto com paixão, com interesse, sem agonia, sem saudade. «Nesse tempo eu namorava uma argentina.» Coisas que se resolvem. Nesse tempo a vida corria de outra maneira e os mapas eram coisas distantes.

Eu aprecio os relatos de N., como aprecio os relatos de viajantes, de gente que arrasta essa bagagem de areia, como acabam por ser as memórias dos lugares e da passagem. Não há, por isso, duas memórias iguais em matéria de viagem. Há um fragmento que pensamos ter visualizado, arrancado à paisagem; um sabor que pode estar identificado; uma palavra que pode estar mais inclinada na nossa direcção. Mas, na verdade, nem que a fotografia seja a mesma (uma esquina da Boca, o bairro genovês de Buenos Aires; um bar de Kuta, o litoral de Denpasar; um restaurante de Maputo, a cidade onde eles mais nascem; uma rua deserta de Oaxaca, onde há aquela luz fatal), ninguém viveu exactamente aquela impressão. E, de qualquer modo, conversamos horas sobre o assunto porque a ideia é multiplicar as palavras para designar sempre a mesma coisa (a estranheza, a nostalgia, a euforia) que se traz das viagens: bilhetes de autocarro e de museu, contas de restaurante e de hotel, caixas de fósforos, jornais em línguas desconhecidas, postais ilustrados, publicidade distribuída na rua, pequenos cadernos preenchidos com garatujas, rebuçados roubados das lojas, pacotes de açúcar dos cafés de Buenos Aires, coisas sem importância aparente, talões de embarque para voos banais, o cheiro dos vulcões (como aquele cheiro que N. me contou que nunca esquecerá, quando esteve na ilha de Flores). Tudo tem uma importância fatal na vida do viajante, e esses restos são sempre o melhor diário de viagem, a melhor antologia de memórias desse tempo de sonambulismo.

E a viagem é isso mesmo: poeira, o coração sempre no fim da tarde, insectos, colibris, o sabor da cerveja, não ter endereço certo, desobedecer aos guias e aos mapas e às intempéries. Refugiar-se sob os beirais de edifícios em cidades desertas, no meio de trovoadas. O coração no fim da tarde é uma imagem que transporto todos os dias. A poeira também. E alguns nomes novos: «vagalume», sonambulismo, domingo de praia, nadar a meio da noite, livros, café.

Somos nómadas, os que amamos a viagem (mesmo que raramente possamos sair de casa): eles, os nómadas, estão sempre noutro lugar, falam das coisas da noite e das coisas da manhã, das coisas do fim da tarde, quando o dia se retira. Coisas fantásticas presas por um fio, recordadas todos os dias para que a vida tenha uma história para acontecer.

quinta-feira, abril 13, 2006



Série 24: As músicas IV.

Temptation
, New Order.

The Sound Of Settling, Death Cab For Cutie.

Directions, Josh Rouse.

How To Be Dead, Snow Patrol.

Sleeping In, The Postal Service.

12:51, The Strokes.

Paint A Vulgar Picture, The Smiths.

The Lovecats, The Cure.

Complexity, The Roots.

Walk on, U2.

99 Problems, Jay-Z.

Jesus Walk With Me, Kanye West.

Lonely Soul, U.N.K.L.E..

Let's Get Ready To Crumble, The Russian Futurists.

Erva Daninha A'Alastrar, António Variações.

quarta-feira, abril 12, 2006



Série 24: Os Posts XII.

SEGUNDA-FEIRA, JUNHO 27, 2005



Existe sempre, em mim, uma urgência em viajar. Um entusiasmo infantil que se repete, em gestos como fazer um check-in, entrar num comboio ou entrar numa estrada perfeita. O exercício de meter a vida numa mochila é surpreendente e, ao mesmo tempo, revigorante. E... é isso.


TERÇA-FEIRA, JUNHO 21, 2005

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Paddy Lane I & II

(Depois de um dia a destilar ao Sol, de templo em templo, no Sueste Asiático, e consequente soneca)

Irish Mate - Let's grab a bite somewhere!
Portuguese Mate - Yeah... do you see any restaurant open close by?
Irish Mate - Not really... no.
Portuguese Mate - Shit... i'm starved...
Irish Mate - Tell you what Nuno mate, we go to the Bar, we skip dinner and go straight to the drinking. How's that?
Portuguese Mate - Are you nuts? We're wrecked, it's 32º celsius and you wanna go drinking without eating?
Irish Mate - Erhhhh... yeah. Beer is like food. I mean, a Guinness is like a meal. trust me... you'll be all right.




Irish mate - Nuno mate, Air Lingus is grant. Before the crisis, you'd ask for a beer and they would bring ya two!
Portuguese mate - Well... now's a bit like a pub in Dublin: No free beers and no smoking!
Irish mate - Did ya need to bring that up? You cheeky portuguese bastard!


SEXTA-FEIRA, JUNHO 17, 2005



Alto Palermo I & II

Em plena Avenida Santa Fé (uma das passereles porteñas):

Ela - Nuno! Pará de mirar a todas la chicas que pasan.
Ele - Pero... disculpáme, es que hay demasiadas chicas lindas acá!
Ela - Bueno ya lo sé. Estan obsessionadas por el cuerpo. Mirá los culos que tienen!
Ele - Los culos? Si aún no me habia fijado en los culos!
Ela - Lo que me faltava. Ahora miro más yo los culos de las chicas que vos!




Ela (esbaforida, de manhã, a sair para o trabalho ) - Chau mi amor, nos vemos al mediodia? Pasás en en estudio? Si? Bueno, te dejo. Estoy super retrasada.
Ele (a dormir)-Si, si... óbvio que si. Te quiero igual.

(duas horas depois para ela, um instante para ele)

Ela - (a entrar no quarto tipo camião, carregada de sacos e sacos de compras) - Hola...!
Ele - Que pasó? Se te olvidó algo?
Ela - No... es que iba en el colectivo y miré que hoy era el primer dia de las rebajas... y bueno, viste, me hice unas compritas!


Série 24: Os Livros III.

Enduring Love, de Ian McEwan.

O Mestre de Esgrima, Arturo Pérez-Reverte.

As mulheres deviam vir com livro de instruções, Manuel Jorge Marmelo.

Oracle Night, Paul Auster.

Morte no Estádio, Francisco José Viegas.

O último Cabalista de Lisboa, Richard Zimler.

Asalto al Paraíso, Marcos Aguinis.


Hoje a minha Mãe faz a bonita idade de 56 anos. Parabéns Mãe. E obrigado, por me segurares tão bem a mão sempre que precisei.


Série 24:
Os Posts X, a true classic.

QUINTA-FEIRA, MARÇO 17, 2005

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Como isto do orgulho daqui do Burgo, anda meio afectado, há que puxar a brasa pelo outro lado. Aceitando o desafio que me foi feito pela
Miss Rititi, aka "Ser fabulosa é fodido", passemos à mesa.

O motivo da desaguisado é a mítica Francesinha.
A dita nasce, dizem, da evolução do croque madame, alimento de ceia ou merenda mas "que era pouquinho… e nun enchia". A coisa foi consertada e o prato ganhou nas carnes, na cobertura de queijo e no molho unificador. E aqui aparece a primeira característica que o define. É um prato "compostinho", "redondo", sem desperdício nem exagero. A francesinha original, pode ser merenda ou jantar. Não enche mas satisfaz. As variantes modernas pecam, por vezes, por romper este equilíbrio.

Como todo o que é genial, a coisa é simples: Duas fatias de pão de forma, linguiça, salsicha fresca, carne assada ou bife (a carne assada é melhor, por ser mais leve), queijo fatiado finamente, tudo dentro do pão, menos o queijo que ficará a cobrir "de forma a dar a envolvência". Composto o ramalhete dos ingredientes e coberto com o queijo, leva-se para uma prensa aquecida e com uma placa, para não queimar.
Depois vem o molho. Existem várias versões, todas com polpa de tomate, louro, caldo de carne e algum tipo de álcool. Não me quero alongar sobre isto. Parece-me que o molho deve ficar com quem o faz. As francesinha ganham ou perdem no molho. O molho é que derrete o queijo e o faz envolver o pão e os ditos ingredientes. Cada restaurante, tasco ou cervejaria que serve francesinha, tem o seu molho. Um mais puxado para aqui outro para ali. O molho é o juiz do cozinheiro. Gosto de vários e acho isso do absolutismo dos molhos, um bocado empobrecedor. Tal como os experts da Francesinha me parecem uma tontice. A coisa é simples e despojada demais para ter experts. Prosseguindo, o molho é a única variável verdadeiramente potenciadora da francesinha. Isto se excluirmos a batata frita, quando desejada (normalmente quando é uma refeição, aparece sempre a "travessinha de batatinha"). Ainda há quem invista tudo no molho e depois morra na praia com batata de pacote, o que é como dizer "que ceira Son" em vez "fica-te bem o vestido, Conceição". Adiante.

Depois da explicação, vamos à inspiração. A francesinha é bem desenhada, porque serve para merenda ou para refeição, não enche mas convence e é, também por isso, recompensante, porque sacia mesmo a fome, quando estamos que não podemos; é salvadora, quando o copo começa a trepar a destempo e os sais do molho nos baixam os fumos, enquanto o pão enxuga o álcool; é delirante porque é normamente boa, mas há dias em que se excedem e até batemos no tecto; é confratenizadora porque ninguém diz "vamos comer uns pézinhos de coentrada depois do jogo", enquanto que a variável com francesinha, serve como desculpa para qualquer encontro de amigos; é um prodígio da imaginação ao serviço da culinária prática, porque incrementou um prato sem o complicar; é multifunções porque admite que pequenas variáveis (para além do molho) se misturem pacificamente, como o camarão surpresa da Cufra ou a variante com bife de lombo (mais aconselhável ao jantar); é mais uma 4L com pinta, do que um ferrari ou um bentley, por ser boa, funcional e muito digna (por isso também, pelo exagero, é que as versões tunning com mil ingredientes, não vingam); é um nome engraçado; é um ícone deste burgo e é recomfortante porque sabe a casa;

Desta última só me apercebi, quando voltei de muitos meses fora do Porto e de Portugal e me pareceu mais que natural, ir comer uma Francesinha à Cufra. Nenhum fundamentalismo, como de tudo que seja bom e de todos os cantos do mundo… mas é como dizer carago no fim das frases, sai naturalmente.


Série 24: Os Posts IX.

QUARTA-FEIRA, JANEIRO 12, 2005



Lugares que são na minha memória, Os lugares de despedida:

Coimbra B: se houve algum lugar onde disse mesmo adeus, demasiadas vezes, foi aqui. Ainda hoje passo e é demasiada a avalanche de memórias.

Aeroporto FSC-Porto
: perde com Coimbra B por menor número mas as daqui foram míticas. Como é que se despede para se ir viver para outro país? Ou para dar uma volta ao Mundo? Eu não aprendi ainda…

Aeroport del Prat-Barcelona
: como é que se despede de casa quando se vai para casa.? E o Sol de Primavera a nascer na pista, a caminho do extinto vôo das 7.45 da Tap.

E outros, o Aeroporto de Ezeiza em Buenos Aires, o de Vigo ou a portagem de Martorell a sair de Barcelona. Mas estes três de cima, são inegociáveis com a alma.


Série 24: Os Posts VII.

QUARTA-FEIRA, OUTUBRO 20, 2004

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Coisas que não se fazem muitas vezes e se calhar por isso, sabem ainda melhor:

Andar de mota sem capacete, em noites de calor, de preferência numa estrada desconhecida.

Cheirar gasolina directamente do depósito.

Mergulhar, nas mesmas noites, em lagos, rios ou no mar*.

Andar por ruas alagadas, com água até ao joelho, durante uma tempestade.

Ler, à janela, resignado à chuva que caí e ao calor que te faz parar.

Encontrar amigos, por acaso, e acabar o dia num jantar, com todos.

Telefonar, para o outro lado do mundo ou para aqui à beira, e dizer "hoje lembrei-me de ti!".

Comer coisas diferentes, sem se perguntar o que é.

Começar a beber, de preferência Vodka, ao fim de um dia de Verão... sem se saber onde se vai acabar.

Conduzir sozinho, por estradas desertas (sempre no Verão), com o conforto de se saber que os quilómetros que faltam, serão suficientes para todas as músicas que queremos ouvir.



*O luar é opcional.


Série 24: De comer II.

Cortar 3 cenouras grandes em finas tiras longitudinais. Deixá-las a marinar em sumo de limão, azeite e gengibre (pode ser em pó ou fresco, conforme as preferências). Colocar num prato uma mão cheia de rúcula, partida em pedaços grandes e atirar a cenoura para cima. Servir como acompanhamento ou como entrada.



Usar um bom lombo de vaca. Temperar com sal, piri-piri e pimentas.
Selá-lo, em azeite bem quente.
Saltear à parte, com alho e cebolinho, cogumelos (à escolha) desfeitos.
Picar gengibre, amêndoas ou amendoins com cerveja ou sumo de laranja.
Colocar o lombo selado, num recipiente de forno, forrado a massa-quebrada.
Envolver com os cogumelos e cobrir tudo o molho de gengibre picado.
Fechar a massa.
Levar a forno quente (+- 250º) até corar.
Pode-se, opcionalmente, pincelar o topo da massa com uma gema de ovo.
A mistura de ingredientes é livre... um amendoim não sabe ao mesmo que uma amêndoa.


Ai o Sol… e tanto que fazer.


Série 24: Os Posts VI.


QUINTA-FEIRA, SETEMBRO 16, 2004

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De repente o Vulcão fez das suas, nas Flores, e Maumere passou a ser uma cidade toda branca, coberta de cinza vulcanica, até cair uma chuva providencial.
Só que o Vulcão continuou e o aeroporto fechou, as aldeias prepararam as evacuações e eu decidi ir, por estrada, até a ponta da ilha e apanhar um ferry, de 19 horas, até Kupang, no "outro" Timor.


SEGUNDA-FEIRA, SETEMBRO 06, 2004

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O meu pai escreveu-me e explicou:

De frente para o palácio para a direita, uns 100 metros na mesma rua, de frente para o mar. Do outro lado da rua, entre esta e o mar, havia uma espécie de clube desportivo e a única sala de cinema de Timor. O edifício onde morava era branco, com um estabelecimento comercial no primeiro piso (Toko Lay julgo que era este o nome), por cima a casa, com um varanda fechada a todo o comprimento e a entrada por trás


Encontrada. Menos mudada que o esperado.
Foi bonito, foi sim senhor.


SEXTA-FEIRA, SETEMBRO 03, 2004



As Ruas em Díli chamam-se Infante D. Henrique, Direitos Humanos ou Presidente Nicolau Lobato. Na grande maioria das vezes, têm o nome antecedido pela sigla "JL" de "Jalan" que em Bahasa indonésio significa "Rua". A História escreve-se, bem ou mal, de muitas formas. 03, 2004


QUINTA-FEIRA, SETEMBRO 02, 2004



O Ricardo que é um grande amigo, decidiu ser voluntário nas olímpiadas. O Ricardo foi de vespa de Madrid, onde trabalha, para Atenas. Chegou, fez, viveu e ajudou nos jogos e durante um mês viveu na Grécia. Agora, o Ricardo de quem tenho saudades, volta novamente de vespa para Madrid. Boa viagem e que a força esteja contigo.


Série 24: Os Posts V.


TERÇA-FEIRA, AGOSTO 31, 2004
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Em Bahasa indonésio, a língua "oficial" por estas partes, "grande" diz-se "grande"; "bola" diz-se "bola"; "manteiga" diz-se "mentega"; "bolo" diz-se "bolu"; "boneca" diz-se "boneka"; "tempo" diz-se "tempo"; reza-se em portugues em algumas ilhas e ate, caro Francisco, existem por cá uns pastéis "quase" de Belém: Os "Lisboa, portuguese egg tart". A isto, do Portugal na Indonésia, voltarei.


SEXTA-FEIRA, AGOSTO 20, 2004
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O céu, no equador, é-me sempre estranho. Pouco ou nada de Estrela Polar ou de Cruzeiro do Sul. Mas há dias, Orion foi guiando a subida ao Vulcão e só desapareceu quando o Sol rebentou na cratera.


QUARTA-FEIRA, AGOSTO 18, 2004
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Depois de 25 horas on the move, de autocarro, ferry x 2, taxi e barco de pesca, chega-se às Gili ailans; ou Gili islands; ou ilhas Gili; ou Ilhas "Ilhas". Seja como for, hoje acordei com o mar na janela e o vulcão a espreitar atras.


SEXTA-FEIRA, AGOSTO 13, 2004
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Ja deste lado do Mundo. Depois da demência de Jakarta, a viagem tem seguido para Este, entre caras simpaticas, cigarros de cravinho, arroz frito e muito calor vou voltando a este estado natural que é andar sem parar.


SÁBADO, AGOSTO 07, 2004
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A partir de hoje, e durante umas semanas, este blog operará desde o hemisfério Sul. So, catch you on the flip side!


Série 24: Os Livros II.

La Reina del Sur, Arturo Pérez-Reverte.

The Glass Palace, Amitav Ghosh.

Moon Palace, Paul Auster.

Longe de Manaus, Francisco José Viegas.

A Cook's Tour, Anthony Bourdain.

The Stranger at the Palazzo D'Oro, Paul Theroux.

Milénio Carvalho II: En las Antípodas, Manuel Vázquez Moltalbán.

Heart of Darkness, Joseph Conrad.


Séri 24: Os Posts IV.

SEGUNDA-FEIRA, JULHO 19, 2004

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Sábado casou-se um grande amigo. A sobremesa, no Forte de S. Bruno, em Caxias, fez-se de viagens, regressos, conversas, reencontros, uns bem escolhidos Beldinas e um incrível Pôr-do-Sol. Foi uma enorme alegria e um prazer.

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Bruce Chatwin escreve, no seu "Songlines" que o Homem é, por natureza, nómada. Explica isso com o facto dos bébés se acalmarem e pararem de chorar, quando estão em movimento. Eu não choro, mas custa-me. Custa-me bastante parar. A isto voltarei.

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"I never liked to raise my voice."
Paul Bowles

Há algum tempo escreveram-me "... sob o este céu que nos protege, contigo em qualquer lugar..." e por aí em diante. Só agora li o livro. E sim, gostei. Chama-se "The Sheltering Sky", a minha edição é da Penguin e a imagem da capa é de Marrocos, do incrível Albert Watson.


O detalhe mítico, nos convites da Casa Fernando Pessoa, é o: No final será servida uma bebida.

terça-feira, abril 11, 2006



Para o Grande JP, Tomates Raf.

segunda-feira, abril 10, 2006



Portugal Campeão Mundial de Horseball aka Pato. Ainda por cima em Buenos Aires e contra a Argentina! Mítico!
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Série 24: De comer.

Julho de 2005, Revuelto de morcilla y setas. Em Madrid, com a Rita e o Andrew.
Spanglish, cañas, risos, tinto de verano e calor. Calor mesmo.

Outubro de 2003, Fritada de mariscos, callos y berberechos. Em Madrid, com o Ricardo.
Chuva, muita chuva, cañas, conversas intermináveis sobre a vida e a promessa de uma viagem a NY.
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Série 24: Os Livros.

Soldados de Salamina, Javier Cercas.

A Casa dos Budas Ditosos, João Ubaldo Ribeiro.

The Curious Incident of the Dog in the Night-Time, Mark Haddon.
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Série 24: Os Posts III.

TERÇA-FEIRA, JUNHO 29, 2004


Aquele penalty do Hélder Postiga. Aquele penalty, valeu duplamente, triplamente. Aquele penalty valeu o jogo. E valeu e vale também, pelos que ainda hoje, dizem que foi um risco… ai, ai, o risco. Nada disso. Uma pérola. Inesquecível.


QUARTA-FEIRA, JUNHO 09, 2004


Vénus passou em trânsito.
Depois das noites quentes, de Lua cheia, também de dia, o céu ficou mais bonito. E o Verão mais perto.


QUARTA-FEIRA, MAIO 26, 2004


Hoje vou para a Alemanha, ver a minha equipa jogar o jogo que toda a gente, de todo mundo, gostaria de ver a sua equipa jogar. Hoje, "…lá no estádio, vamos morrer de orgulho pelo nosso clube, as nossas cores, o nosso país". Vai ser uma festa. Obrigado Porto, "pelos que estão aí e pelos andam aqui por fora; pelos que choram; pelos que sofrem em silêncio; pelos que gritam; pelos que só te têm a ti, como alegria; pelos miúdos; pelos velhotes; pelos que foram para um lugar melhor mas são teus, para sempre; por outra noite Azul na baixa; por mais uma vitória, para contar ao filho que um dia terei; pela cidade; pelo país; por mim; por nós… por todos. Vamos lá Porto, mais uma vez". Vamos lá.


SÁBADO, MAIO 22, 2004


O mar sempre me fez sentir em casa. Sou do Porto e fosse no Homem do Leme ou em Caminha, o mar sempre fez parte do meu quotidiano. Só muito tarde, descobri que também se podia viver e ser feliz -dizem-, em cidades sem rio e, principalmente, sem mar. Em qualquer parte onde esteja, o mar e a sua luz, seja ténue ou brilhante, funcionam como um conforto para mim. Por isso, em Barcelona, mesmo depois de todos estes anos, quando este lago que é o Mediterrâneo se lembra que é mar e as ondas rebentam, fico um pouco mais calmo. Só isto.




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Para os mesquinhos, para os pequeninos, para os queixinhas, para os chorões, para os impolutos e, para nós, os que ganhamos sempre. Pega lá Calimero, vai buscá-la!

sábado, abril 08, 2006

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Série 24: As músicas III.

The Seed 2.0, The Roots.

Bizarre Love Triangle, New Order.

Black Ego, The Digable Planets.

quinta-feira, abril 06, 2006

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Meias finais da Liga de campeões da UEFA:

A.C.Milan - F.C.Barcelona
Villareal - Arsenal
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Série 24: As músicas II.

Kathleen, Josh Ritter.

Recycled Air, The Postal Service.

Fools Gold (Grooverider Remix), The Stone Roses
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Série 24: Os Posts II.

SEXTA-FEIRA, MAIO 21, 2004


Ainda a propósito da tal volta ao mundo, recupero isto.

223 dias à volta mundo.


Porto. Banguecoque dos templos. Das aldeias do ópio do triângulo dourado. Da Birmânia fechada. Dos dias a navegar, no majestoso Mekong, às cidades tranquilas da terra dos mil elefantes. Dos templos e dos monges com perguntas às estradas sem carros. De Ho Chi Minh a Phnom Penh e daí Angkor dos templos que os kmhers, que ainda não eram vermelhos, deixaram. De Macau. Dos amigos. Das noites e do coração calmo.
Sul. Perth. Da luz. Da cor do Índico e de um deserto com pináculos à beira mar. Das songlines da terra. De outra ilha com o coração sobressaltado. Do frio e das quedas livres sobre o lago, aos glaciares do sul. O maior voo, viver o mesmo dia 2 vezes e acordar em frente à praia, numa ilha no meio do pacífico. Do azul do fundo do mar aos moais sem explicação. Do chegar ao continente. De um país pequeno e imenso. Dos amigos de sempre. Do deserto das flores de papel nos cemitérios. Para o Rio. Que continua lindo e continua sendo. Do morro com piscina na rua. Da língua fácil. Dos amigos de hoje e de sempre. Do sol e da vida. Buenos Aires. Da festa. Da segunda casa. Dos mais que amigos. Dos “cien barrios Porteños” e dos 4-1 à Lázio. Do amanhecer de Helsínquia e das noites de Estocolmo. De começar a voltar à vida, em Barcelona e o regresso a casa. Ao Porto.
Não importou o destino. Importou o caminho para lá chegar.
A viagem. Uma viagem. Boa viagem.


SEGUNDA-FEIRA, JUNHO 14, 2004



Recupero umas coisas escritas há algum tempo. Só porque sim

"Gosto de muita comida, seja Fracesinha no Porto, seja mariscos e peixe em Matosinhos ou no Algarve, seja migas no Alentejo, seja arroz negro em Barcelona, carne na espada nas Pampas ou sopa de lima e cogumelos em Bangkok... gosto de comer e de comer com os amigos. Gosto de vinho... muito. Gosto de chocolate negro e de doces... com ovos!

Gosto do Verão e do Sol e de andar de chinelos ou descalço; gosto do mar e do seu cheiro; gosto nas noites de calor e das estrelas; gosto do cheiro a terra quente; gosto da imensidão do deserto e também da neve; gosto de barcos à vela; gosto da luz do fim do dia na praia e no Porto; gosto de estradas grandes e desertas; gosto mais do caminho do que, às vezes, do destino; gosto de ler ao fim da tarde e à noite, até de manhã; gosto de ver futebol e de ganhar; gosto de mergulhar em Leça, depois de sair do avião e dos rituais de sempre quando volto ao Porto; gosto de sotaques; gosto de fazer rir e de gente que me faça rir..."


QUARTA-FEIRA, JUNHO 02, 2004


Mais um dia entre o Mediterrâneo e o Atlântico. Namoro muito o primeiro, mas o segundo, é um amor de Verão que nunca acabou.
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Séri 24: As Músicas.

Dias Atlânticos, Ban.

The Light, Common.

Por Que, Otto.

quarta-feira, abril 05, 2006

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Série 24: As Viagens.

Fevereiro de 2005: Belfast-Barcelona, Boeing 737, Jet2.com.
Frio, os Amigos, sapatilhas, 14 pints diários e um magnífico dia de Sol à chegada.

Setembro de 2004: Singapura-Frankfurt, Boeing 747, Lufhtansa.
O regresso, a pele morena, as saudades, 5 bloody marys, 6 pastilhas de raiz de valeriana, fotografias e a vida em 9 quilos.

Maio de 2004: Horta-Lisboa, Airbus A320, TAP.
Beijos, risos, caixas de charutos, o cheiro a ananazes e o corpo, moreno, com areia negra e salgado do mar do faial.
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Série 24: Os Posts.

DOMINGO, ABRIL 25, 2004


Foi há 30 anos que entre dúvidas e medos, alguns homens, quiseram devolver a esperança a um povo e a um país. Obrigado à minha Mãe por acreditar e me fazer sonhar; obrigado ao meu Pai, por mostrar, tranquilamente, quando se tem de ter coragem. Obrigado aos dois por me ensinarem a Liberdade.


QUARTA-FEIRA, ABRIL 21, 2004


Hoje o dia voltou a ser Azul e com Sol. E voltaram, também, os mergulhos ao fim do dia e o arroz negro à noite.


DOMINGO, ABRIL 18, 2004


Por voltas do destino, em Setembro de 1998, "residi" alguns dias no Morro do Vidigal, favela carioca que tem andado nas bocas do mundo, por de lá ter saído o bonde ou caravana de traficantes que assassinou o líder da concorrência na Rocinha, esta, a maior favela da América Latina.

Foram uns dias especiais, onde quem me acolheu, me fez sentir em casa e se preocupou em, tranquilamente, me explicar as regras do lugar. Se bem que choca, ver meninos de 8 ou 9 anos com pistolas presas no elástico dos calções ou adolescentes de 16, com uma AK-47 debaixo do braço a tomarem um guaraná, a habituação ao cenário e aos procedimentos básicos é rápida e surpreendentemente fácil. Não me tenho por louco nem por idiota, sou curioso e terei o lado voyeur de quem vai viajando, mas, ainda hoje, me deixa a pensar, a facilidade com que este filho da classe-média, do país irmão, se adaptou ao dia-a-dia do morro. É obviamente mais fácil, aprender como apanhar uma combi (furgão) a abarrotar, do sistema de transportes interno da favela, do que habituar-se a ver adolescentes a passear armas de fogo. Ainda assim, assusta a facilidade com que se assimila tudo isto.

Apesar de, na altura, estar com pouco dinheiro, sabia que a passagem seria breve, pois, tarde ou cedo, haveria um avião para me levar dali, de volta para casa. Os que são do morro, que fizeram e que fazem o Vidigal, aprenderam a viver com o que por lá se passa. A generalidade das pessoas são de origem humilde, vieram, na sua maioria, do Nordeste à procura de uma chance de ter uma chance. Têm ou fazem trabalhos normais, ou melhor honestos, quase sempre na zona Sul, no eixo Leblon-Ipanema-Copacabana, na Barra ou então no centro da cidade. A favela foi o lugar que encontraram para morar e onde fizeram amigos e conhecidos.

Apanhei também alguns sustos. O maior de todos aconteceu na minha última noite, descendo o morro de combi. A meio da descida, fomos parados pelos traficantes, armados e a tomar posições em telhados e muros, ordenando que disséssemos às pessoas, para irem para casa que "…os homem tão subindo!". Os "homems" são a polícia militar, a PM, famosa mais por matar que por proteger. Algumas curvas depois, a polícia militar assumia também, posições de assalto. Obviamente que estes minutos entre traficantes e polícias não foram muito agradáveis, muito menos a perspectiva de ter que voltar à favela, horas mais tarde, com possibilidade de encontrar algum corpo pelo caminho. Felizmente não foi assim, o único ruído que se ouvia quando voltei, era o das rajadas de metralhadora, dos traficantes, celebrando a desistência da PM.

Durante a minha passagem conheci gente muito sã e cuja companhia apreciei. Nas ruas, no campo de jogos ou no boteco. Conheci uns que gostavam de morar na favela e outros que, apesar de criados lá e proprietários, inclusive, de casa, se queriam vir embora, para a cidade, apesar de nesta tudo ser mais caro. O que nunca conheci, foi alguém que gostasse dos traficantes. Que lhes reconhecessem méritos ou boas acções. Tão pouco ouvi demasiadas queixas, mas aí é mais fácil entender tudo. Nada de estórias heróicas de lutas entre pobres e ricos, de traficantes que alcatroam as estradas do morro ou fazem campos de jogo para a comunidade. O traficante vive de um negócio e a favela, com os seus labirintos de casas e caminhos e com os seus habitantes pouco dados a conversas com a polícia, são o seu habitat natural e perfeito.
Servem de polícia, de tribunal e de carrasco, tudo no mesmo minuto. Inspiram medo e não gratidão.

Voltei ao Rio, em Março de 2003. Por outras voltas do destino, voltei a encontrar o amigo que me havia acolhido no Vidigal, anos antes, agora a viver em Copacabana. Voltamos juntos à favela, para visitar a sua mãe e outras pessoas que conhecia. A favela estava diferente, pareceu-me que mais organizada. Cruzei-me com dois jovens actores, do agora famoso "Cidade de Deus" (descobertos em grupos de teatro da própria favela), conheci a nova entrada, bonita, construída pela Prefeitura e pude ver o novo sistema de taxi-moto cooperativo a funcionar. Voltei outras vezes, algumas sozinho, para conversar, tomar um chope e comer um salgadinho no bar da D. Carmélia, mãe do meu amigo, uma alegre mulher de cinquenta e alguns anos, sempre fresca ao lado do terceiro marido, vinte anos mais novo. No último dia que a visitei, para me despedir, encontrei-a triste. A razão, vim a saber, tinha sido a famosa justiça dos traficantes. Um morador da favela foi à boca-de-fumo, queixar-se aos traficantes que outro morador, por sinal um rapaz bem parecido e honesto (geralmente pouco apreciados), tinha "olhado demais" para a sua mulher. Os traficantes tomaram a denúncia como verdadeira e decidiram que o suposto acto, não poderia passar em branco. Obrigaram o rapaz, sob ameaça de pistola, a beber um litro de cachaça e espancaram-no até ficar irreconhecível. Quando cheguei, dois dias depois do castigo, a vítima estava no Hospital, com prognóstico muito reservado. Foi uma despedida algo triste, onde deu para perceber que a essência da vida do morro não tinha mudado.

Não sei como se resolve o tráfico, não sei como se resolve a pobreza e o medo nas favelas. Fico irritado com muitas das opiniões, umas simplistas outras com visões quase românticas da vida nas favelas, que muitos dos brasileiros que conheco têm. Afirmando que os moradores respeitam e apreciam o trabalho dos traficantes, em prol da comunidade e do controlo do crime dentro das favelas. Parecem-me palavras muito fáceis e os clichês do costume. Só conheci uma e só a conheci por alguns dias, mas o que conheci não foi isso.


QUARTA-FEIRA, ABRIL 14, 2004


Miramar. Os olhos. Os olhos enormes, lindos e que me deixam sem saber para onde olhar. O beijo roubado. Os sorrisos sem palavras, porque há alturas em que sobram e com esse olhar já me ganhaste. E a primeira viagem ao lado mar, com Sol. Sempre com Sol.
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Ah e claro, para todos ustedes:
Manuel Jorge Marmelo, Mónica, Francisco Carvalho, Francisco José Viegas, JP aka DJ el Chalabi Red, Miss Spring, Joana, Major Nuno, Thays, minha doce Carlinha, Sílvia, Jorge, Mighty André, Ruan, Ana, José, Miguel, Angela, Raquel, Charlotte, querida Helena, Feelipa Abx, e tu, mi dulce, que me brindaste com isto.
Obrigado!
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24 meses, 24 coisas diferentes.
A partir de hoje e infinito enquanto dure (gracias JP), teremos as Festas dos 24.
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A comissão de festas deste blog, vem, desta forma, pedir desculpas pela ausência prolongada. Os festejos foram muitos, bons e variados. O dono do tasco agradece, ainda de ego ainda mal refeito, todas as mensagens, vodkas e provocações. Gracias, un peton i fins molts aviat.