segunda-feira, junho 15, 2009


Coisas que lembro. Um bocado do nada e por causa deste clima de Verão.

"A muralha da China. Os papagaios que falam. A lua e o céu à noite. A trovoada, os relâmpagos. O arco-íris e as manchas de óleo numa poça de água. O brilho cegante dos soldadores. O mar e os sons da água nos rios (fechar os olhos e ouvi-los em stereo), fazer o mesmo com os carros que passam e as pessoas que falam. Confusões de vozes numa festa (esquizofrenia sonora). O Jardim Zoológico e o Aquário (as cores dos peixes). O fantástico mundo submarino. As conchas. Os cogumelos, os fungos e líquens nas árvores. As lagartas brancas nos cadáveres. Os cristais de resina nos pinheiros. Os frutos tropicais e as ilhas exóticas. Comidas deliciosas. Roupas extravagantes. Os samurais, os egípcios, os romanos, a fábula de Veneza. A tragicomédia de Nova York. Aquela pessoa, porque é bonita. Aquela outra, porque diz coisas interessantes e inesperadas. Ainda outra pessoa por ser assim como é. Espaços amplos, espaços completamente claustrofóbicos. Espaços construídos, espaços destruídos. Mil coisas que se encontram no ferro velho. Os cristais de quartzo, estaurolitos, minérios brutos. As línguas estrangeiras, tanto mais fascinantes quanto mais incomuns e indecifráveis. O fogo, a idade média. Toda a história do mundo. Os sintetizadores e o futuro. Luzes, cores, sons, povos, espaços, o tempo. São um nada as coisas que eu compreendo e essas não me fascinam."

Nuno Rebelo