sexta-feira, abril 28, 2006



Série 24: Os Posts, a true classic.

SEXTA-FEIRA, JULHO 29, 2005

BIG 30

Meus queridos,

nasci grande e pesado, à hora de almoço no fim de Julho.
Aos 6 anos já tinha tido quase todas as doenças, da lista das urgências de pediatria, pele plástica no sobrolho, botas ortopédicas, negras nas canelas, visitas do meu Pai à direcção da escola, aprendido a nadar e uma irmã pequena. Linda.
Depois vieram mais negras, o Era uma vez um homem, os cromos do Dartacão, Conan o rapaz do futuro, as casas novas, o basket e a natação.

A partir dos 9, os singles dos Duran Duran e dos Wham, comprados na praça Velasquez, a bicicleta de corrida, mais visitas ao conselho directivo, mergulhos em Caminha e no Algarve, o Porto campeão europeu, os beijos na boca, o cabelo rockabilly, The Smiths, o Lloyd Cole e os melhores amigos do mundo feitos no Verão.

Aos 15, as All Stars, a Mach 7-7, querer ser como o Mike Stewart e como o Tony Hawk, os Pixies e os Nirvana, as novidades para o corpo, cabeça e coração, o leitor de CD, a mania que era baterista, mais uma casa nova, a fotografia, Portugal de mochila às costas, Verões míticos, Lisboa à noite e à chuva, os desenhos e as colagens a sério.

Aos 18 a faculdade que passou num suspiro, o primeiro inter-rail, as festas, mais amigos, os empregos e os biscates, descobrir que se pode namorar mais de 3 meses seguidos, a primeira ida ao Brasil, mais empregos, as conferências e as fanzines, os Açores dos amigos, mais Brasil amazônico, o meu proprio estúdio, a urgência de sair do Porto e descobrir outro lugar.

Aos 24, a ida para Barcelona, a vida nova, os melhores flatmates do mundo, namorar em castelhano das pampas, beber cañas ao atardecer, ainda salgado do Mediterrâneo, o segundo inter-rail, a viagem surpresa para a Argentina, empregos novos, aprender a chamar casa a outro lugar, mais Argentina que sabe quase a casa, Chile, Uruguay e fechar um ciclo em barna.

Parar para pensar e decidir, numa tarde, dar a volta ao mundo. 7 meses a viajar, descobrir o impensável e aprender a gostar dele, os amigos que se encontram mais do que se fazem, os amores e as cabanas, os ossos amassados e os pés esburacados, os desertos, glaciares, arrozais, cidades loucas e mares azuis azuis. O regresso que soube bem.
Repensar a vida, descobrir pessoas especiais, trabalhar aqui e ali... sempre mais ali. O mimo que de quem aqui ficou e aqui me vai segurando.
Isto e muito mais coisas e pessoas foram a minha curta existência.
Faço hoje 30 anos. A todos os que me surpreendem, me cuidam, me massacram e me continuam a fazer sorrir, obrigado, tem sido uma linda viagem. Só isso.


Um beijo grande e um imenso abraço,

Nuno