segunda-feira, maio 31, 2004




Vale a pena, uma vez mais, ler isto. Como todos os Domingos.


"Lula representa, todavía, una gran esperanza para Brasil y para el mundo: la idea de que otra política es posible. Y sin embargo, cada día que pasa, su voluntad política y su firmeza de convicciones se van enredando en la maraña de las estrategias financieras y las maniobras políticas. Aún pueden reaccionar, tanto él como su partido. En eso confía mucha gente de buena fe en Brasil y no sólo del entorno de Lula. Pero no hay mucho tiempo para ello. Y no por las elecciones (aún faltan más de dos años), sino porque la castigada alma brasilera ya está al límite de su decepción. Ayudar a Lula, dentro y fuera de Brasil, es contribuir a recrear una esperanza para el gran país de la eterna promesa frustrada. Pero es necesario restablecer la realidad del Gobierno de Lula más allá de su mito. Un presidente no puede ser sólo un símbolo. Tras poner en orden la economía más grande de América Latina, es tiempo de reformar la sociedad más injusta del continente."
MANUEL CASTELLS, La Vanguardia, 29.05.04


"No matter who you are, or how happy you are to have him home, or how many times you've been through this, all of this is a big adjustment for anyone."
COLLEEN SHANKLIN, whose husband, Curtis, recently returned from Iraq.
New York Times, 31.05.04

domingo, maio 30, 2004



O concerto dos Pixies, na Sexta, foi demasiado bom para ser verdade. Foi muita emoção, muitas recordações e muito rock. Foi bom demais. Só isso.


Mais música.

"River Euphrates" Pixies
"Gigantic" Pixies
"Where is my Mind" Pixies
"Somewhere South of Gibraltar" Ithaka
"Let's Get Ready to Crumble" The Russian Futurists
"Ce Matin La" Air



A Argentina é um país que me fascina. A luz do Sul, o Lago Argentino, os glaciares, a imensidão das pampas, a puna e norte desértico, a serra cordobesa, o caminho de Mendoza até Uspallata ou "…mi Bueno Aires querido", são recordações que me assaltam demasiadas vezes. Buenos Aires é-me mais familiar que Lisboa (e não, não é nenhuma boca, gosto muito de Lisboa) e cada tanto, sinto uma urgência em lá voltar e ver os amigos. Os Argentinos, neste caso os Porteños, são pessoas especiais. Óptimos anfitriões, barulhentos (elas, são lindíssimas ainda que algo histéricas), nostálgicos e excelentes conversadores que me faziam perder horas, tentando explicar-lhes que não se pode ter sempre razão. Existe, isso sim, uma coisa que nunca acabei de compreender totalmente, acerca da sua forma de ser. Algo que fui notando com o tempo, das vezes que lá estive, que é o facto de, na Argentina, ninguém ser argentino. São todos italianos, franceses, espanhóis, polacos ou irlandeses. Passando à frente do clássico "… os peruanos vêem dos Incas, os mexicanos dos Aztecas e os argentinos dos barcos.", pareceu-me sempre haver uma reticência em assumir a nacionalidade. Enquanto, por exemplo, no Brasil, são todos brasileiros, na Argentina, se exceptuarmos os dias em que a selecção joga, a coisa não é tão simples. Conversei sobre isto com os meus amigos de lá que, diga-se, apesar de herança sempre se sentiram argentinos de corpo inteiro e as conclusões eram sempre várias: a herança europeia, patente na arquitectura, nas letras, nos desportos (polo, corridas de cavalos e mesmo o rugby) e esse culto da ideia, de que Buenos Aires, era um bocadinho da Europa desterrada na América do Sul. Nuinguém discute que a Argentina, com Buenos Aires à cabeça, é o país onde a influência do velho continente é mais sentida, mas daí a ter uma bandeira Argentina, ladeada pelas bandeiras de Espanha e do Japão, de um lado, e da de França e de Itália do outro, vai uma grande distância. Este cenário, vi-o na casa de uma amiga (de ascendência hispano-japonesa) e cujo marido (de ascendência franco-italiana) me assegurava sentir "…sangue francês nas veias", apesar de pouco falar o idioma, de não saber nada sobre a história, a geografia ou a vida pública do país (exceptuando futebol, que via como rival da Argentina). Entendo que seja a herança familiar, o ouvir, uma e outra vez as estórias do bisavô que veio da Bretanha, mas penso que existe uma parte que tem a ver com a necessidade, de ser " algo mais" (entendendo a Europa como algo melhor), de em vez de se ter os olhos em si, tê-los num lugar distante (mistura de realidade com o imaginário relatado por familiares).
Quando voltei a Buenos Aires, há um ano, depois da desvalorização, notei algumas diferenças. Notei que o país, já não olha tanto para Londres ou para Miami, que olha para si. Que com mais ou menos esperança, se soube assumir e tentar ir para a frente. Vi uma cidade onde aconteciam coisas, organizadas com poucos recursos mas muitas ideias, onde a actividade cultural está ao nível da Barcelona onde vivo, onde toda a gente, tem tempo para falar com os amigos, onde os teatros se enchem, onde encontro sempre os livros que quero (mesmo quando não sei que os quero), onde há sempre tempo para um café ou um mate e ao fim de semana, qualquer desculpa serve para juntar os amigos para "…un asado". A medo, confessei aos meus amigos (alguns perderam bastante dinheiro com a desvalorização) que via a cidade melhor, mais viva e interessante. Responderam-me, com uma tranquilidade desarmante, que sim, que a coisa estava a melhorar, que todo o "quilombo" serviu para que as pessoas pusessem os pés na terra, que já não viviam tão pendentes do fim-de-semana em Miami ou em Punta del Este, que as argentinas já não olhavam para o chão à procura do tapete vermelho, que havia ganas de fazer e inventar coisas, que apesar de haver vontade de sair do país, haviam agora outras razões e outros desafios que os faziam ficar e "…intentar hacer despegar, de una vez, a este país". Ouvi, e paguei a rodada seguinte, em agradecimento da lição.
Isto não é um post político, nem é absoluto, nem é para ensinar nada a ninguém. Isto…, isto são só saudades.


Mais chocolate. O da Xocoa, com pimenta da Jamaica. Mítico.


O Hotel Ritz de Barcelona, albergou, durante um dia, num dos seus salões, um bar especial. Os irmãos Adriá, do El Bulli, fizeram das suas, servindo nitronics (gin tónicos refrigerados a 196 graus com nitorgénio), pastilhas geladas de caipirinha, daiquiris com duas temperaturas (semigranizado e quente), Whisky sour em spray ou mojito e sifão de soda com borbulhas. Desta bebidas, poucas eram as que, realmente e pelo seu estado líquido, se podiam beber. Muito bom.


Oriol Balaguer ganhou, em 1993 e com 21 anos, o prémio de maior mestre pasteleiro artesão de Espanha, em 1997, o de melhor pasteleiro de restaurante espanhol e em 2001, o de melhor sobremesa do mundo com as suas"7 texturas de Chocolate". Ganhou mais prémios, escreveu livros e inventou mais doces e bombons. Há dois anos, este filho de pasteleiros, forjado em cozinhas tão inovadoras e desinibidas como as de Ferran Adriá, decidiu abrir uma "oficina" de pastelaria. Num espaço, no barcelonês bairro de Les Corts, sem montras nem letreiros, este catalão de Calafell, cria kits de diferentes tipos de cacau, bombons de petazetas e bolos variados. Explora o chocolate nas suas diferentes possibilidades (algumas pouco usuais), texturas e variedades, concebendo duas "colecções de sobremesas" por ano, "Outono/Inverno" e "Primavera/Verão". Assume, como igualmente importantes, "…el aspecto como el sabor", esculpindo e desenhando as suas criações, como pequenas obras de arte, durante horas, sem se preocupar no quão efémeras serão.


Ontem fui almoçar, com um grande amigo que aqui estava de visita, ao FoodBall, o restaurante da marca de sapatos Camper, do qual já aqui tinha falado. Fica no Bairro do Raval, entre as Ramblas e o o MACBA. O Restaurante serve comida biológica, livre de pesticidas e adubos químicos, em bolas. As bolas podem ser de algas com tofu, de anchovas, de cogumelos, de frango ou de vegetais variados. Existem sobremesas, não tão redondas, das quais recomendo o "biscoito" de tâmaras e laranja. A água que é oferecida, vem de canos especiais e é purificada com carvão japonês. Podem-se pedir sumos de frutas e vegetais (cuidado com o gengibre, por estas bandas usam-no como um vegetal corrente, pelo que alguns sumos sofrem de over-acidez), para além de vários molhos que acompanham as bolas. A comida, que é servida em recipientes recicláveis (como tudo no restaurante) é excelente. Fresca, com uma excelente combinação de sabores e divertida de se comer. As bolas de algas e as de anchovas são míticas.
Onde tudo se complica é no resto. O serviço é simpático (e as roupas dos empregados são fantásticas) mas lento. O espaço, decorado pelo designer-artista-inventor Martin Guixe, peca por pouco funcional e não demasiado acolhedor. O local onde se come, funciona como uma bancada de estádio, com almofadas de corda, onde as pessoas se sentam. A ideia poderia ser interessante mas, é pouco confortável, tem demasiado cimento à vista (que lhe dá uma ar entre mal acabado e uma adega improvisada) e os ecrãs planos nas paredes, com imagens de naturezas estáticas, não ajudam. A acústica é péssima (qualquer espirro se transforma em terramoto) e o ambiente é muito frio, especialmente, se pensarmos no conceito "mediterrâneo" que reje a companhia. As ilustrações nas paredes, na parte do balcão, são interessantes. Suponho que se tornará num lugar de peregrinação obrigatória para muitos curiosos, "modernillos" e não só, mas podia e devia ser melhor.

sexta-feira, maio 28, 2004



Desculpem a ausência. É que, durante dois dias, morri de orgulho. Obrigado Porto. Só isso.

quarta-feira, maio 26, 2004



A Charlotte, publicou, no Blog dela, uma coisa que eu lhe escrevi. Foi simpático. Obrigado.


Hoje vou para a Alemanha, ver a minha equipa jogar o jogo que toda a gente, de todo mundo, gostaria de ver a sua equipa jogar. Hoje, "…lá no estádio, vamos morrer de orgulho pelo nosso clube, as nossas cores, o nosso país". Vai ser uma festa. Obrigado Porto, "pelos que estão aí e pelos andam aqui por fora; pelos que choram; pelos que sofrem em silêncio; pelos que gritam; pelos que só te têm a ti, como alegria; pelos miúdos; pelos velhotes; pelos que foram para um lugar melhor mas são teus, para sempre; por outra noite Azul na baixa; por mais uma vitória, para contar ao filho que um dia terei; pela cidade; pelo país; por mim; por nós… por todos. Vamos lá Porto, mais uma vez". Vamos lá.


Acabo de chegar do Camp Nou, do Catalunha-Brasil, em futebol. O Brasil ganhou 2-5. Foi um jogo interessante, com algumas jogadas bonitas, muito golos e com o público a vaiar o Roberto Carlos e o Ronaldo e a aplaudir o Ronaldinho (a jogar em casa mas na equipe adversária). Mas o melhor, foi mesmo a festa. A incrível festa dos brasileiros que aqui vivem e que transformaram as bancadas, num baile improvisado que durou para além do jogo. Interessante, foi também, ver como alguns catalães, se juntavam à festa depois de descobrirem que, nestas coisas, é melhor dançar e celebrar do que queimar bandeiras de Espanha.
Amanhã, estes brasileiros, quando entrarem no escritório, na sala de aula ou no restaurante onde trabalham, não terão de dizer nada, bastará o sorriso.

segunda-feira, maio 24, 2004



A representação teatral, da obra de João Ubaldo Pereira, "A Casa dos Budas Ditosos", monointerpretada pela fantástica Fernanda Torres, chegou a Portugal. A Lisboa… pois eu sei. De qualquer forma, e segundo os meus amigos do Rio, vale a pena… vão, vão e vejam, que faz bem.


Estreou, este fim de Semana, em Buenos Aires, o novo filme de Juan José Campanella, "Luna de Avellaneda". Para quem não viu e devia ter visto, existem, em DVD, "El mismo amor, la misma lluvia." e "El Hijo de la Novia",-nomeado, em 2002 para os prémios da academia, na categoria de melhjor filme estrangeiro- do mesmo realizador. Não sei nada sobre o filme, ainda. Sei que fiquei, com esta vontade, de entrar num avião, aterrar, ligar aos amigos, pedir um remis, entrar num bar e pedir uma quilmes. E, só aí, sentir o coração calmo, "como corresponde maestro…". Sempre.

sábado, maio 22, 2004



O mar sempre me fez sentir em casa. Sou do Porto e fosse no Homem do Leme ou em Caminha, o mar sempre fez parte do meu quotidiano. Só muito tarde, descobri que também se podia viver e ser feliz -dizem-, em cidades sem rio e, principalmente, sem mar. Em qualquer parte onde esteja, o mar e a sua luz, seja ténue ou brilhante, funcionam como um conforto para mim. Por isso, em Barcelona, mesmo depois de todos estes anos, quando este lago que é o Mediterrâneo se lembra que é mar e as marés se avivam, fico um pouco mais calmo. Só isto.

sexta-feira, maio 21, 2004



Um sherpa, chamado Pemba Dorje, bateu, hoje, o recorde de subida do Everest, com o tempo de 8 horas e 10 minutos. A estória começa no ano passado,quando o Ministério do turismo nepalês, mediou uma disputa entre Dorje e outro sherpa, de nome Lakpa Gelu, sobre quem detinha o melhor tempo. O mediador decidiu que o recordista era Gelu. Agora acabaram as dúvidas.

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Faz hoje um ano que Sevilha foi nossa. A todos, um abraço.
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Ainda a propósito da tal volta ao mundo, recupero isto.

223 dias à volta mundo.


Porto. Banguecoque dos templos. Das aldeias do ópio do triângulo dourado. Da Birmânia fechada. Dos dias a navegar no majestoso Mekong às cidades tranquilas da terra dos mil elefantes. Dos templos e dos monges com perguntas às estradas sem carros. De Ho Chi Minh a Phnom Penh e daí Angkor dos templos que os kmhers, que ainda não eram vermelhos, deixaram. De Macau. Dos amigos. Das noites e do coração calmo.
Sul. Perth. Da luz. Da cor do Índico e de um deserto com pináculos à beira mar. Das songlines da terra. De outra ilha com o coração sobressaltado. Do frio e das quedas livres sobre o lago aos glaciares do sul. O maior voo e viver o mesmo dia 2 vezes e acordar em frente à praia numa ilha no meio do pacífico. Do azul do fundo do mar aos moais sem explicação. Do chegar ao continente. De um país pequeno e imenso. Dos amigos de sempre. Do deserto das flores de papel nos cemitérios. Para o Rio. Que continua lindo e continua sendo. Do morro com piscina na rua. Da língua fácil. Dos amigos de hoje e de sempre. Do sol e da vida. Buenos Aires. Da festa. Da segunda casa. Dos mais que amigos. Dos “cien barrios Porteños” e dos 4-1 à Lázio. Do regresso a casa. Ao Porto.
Não importou o destino. Importou o caminho para lá chegar.
A viagem. Uma viagem. Boa viagem.

quinta-feira, maio 20, 2004

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O Cineclube Amazonas Douro, de Belém do, no Brasil, lançou uma revista chamada Pará Zero Zero. Um dos presidentes do Conselho de Honra é o famoso realizador, performer e tudo mais o que se quiser, José Mojica Marins, o Zé do Caixão.

Apesar de muito particular, parece-me interessante. Abaixo seguem "...os pecados capitais da PZZ." a revista "...para o homem amazônico.":

1 - É uma revista poética de arte e filosofia.
2 - Aborda os seus conteúdos a partir de uma dimensão não factual.
3 - Prioriza a publicação de poemas e poetas inéditos.
4 - Define-se pela coragem estética dos participantes dos Conselhos Poético e Consultivo.
5 - Conta os números das edições em escala decrescente: menos um, menos dois, menos três, e assim sucessivamente.
6 - Tem um projeto gráfico em preto e branco , através de uma edição de qualidade artística.
7 - Combina textos poéticos, imagens fotográficas e desenhos, distribuindo-os em páginas identificadas por símbolos no lugar de números.

Boa sorte.
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Já sei que sou muito novo, para falar de charutos. Ainda assim, os Beldina, da Fábrica de Tabacos Estrela de S. Miguel, são impecáveis. E os Meia Coroa, da mesma, também.

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Existe uma discoteca-club, em Barcelona, onde a partir de agora, será possível entrar e pagar as bebidas, sem ter de esperar. Tudo isto graças a um chip que permite a um detector, instalado no club, interpretar toda a informação relativa ao cliente. O chip, segundo o fabricante, é impossível de ser detectado e destruído e é do tamanho de um grão de arroz.
A partir de agora, no Baja Beach Club, do Porto Olímpico de Barcelona, as terças feiras, passam a ser chip-night, onde o cliente dá os dados e lhe é introduzido o chip. Outras actividades do Baja Beach, são os "strips espontâneos" do público e os shots, com o complemento de chantilly, nos mamilos das bailarinas. A não perder.

terça-feira, maio 18, 2004

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Mais música.

"Dias Atlânticos" Ban
"The Light" Common
"Por Que" Otto
"A Novidade" Gilberto Gil
"You Got Me" The Roots

segunda-feira, maio 17, 2004

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Os Açores continuam absolutamente fantásticos. Escreverei mais sobre isto, sobre o Mar, sobre a areia negra, sobre as baleias, sobre os ananazes, sobre a Dama de Porto Pim e sobre a fábrica de tabaco Estrela.
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A mudança não é de agora, mas só agora é que me começou a irritar. As bolachas que eu mais gosto, as Coríntias, da Triunfo, mudaram.
Já foi há algum tempo, mas só na semana passada começei a perguntar-me porque é que mudou a consistência -antes com mais volume, cheias de passas e bem torradas, agora mal torradas, com duas passas e achatadas- e a embalagem -mais poluente, mais complicada, as bolachas vêm dentro de uma calha e são menos-. Não há directiva comunitária, nem mudança de proprietário que justifique esta involução.
Alguém me explique de onde saíu este problema para a solução.
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Faz hoje um ano, neste magnífico dia Atlântico, que cheguei de uma viagem, de 223 dias, à volta do Mundo.
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"1961. San Salvador da Bahia.
Amado.

Y mientras el Guilo Mentiras espanta la muerte en México, en Brasil el novelista Jorge amado inventa un capitán que espanta a la soledad. El capitán, cuenta Amado, desafía huracanes y fuegos fatuos y atraviessa maremotos y negros abismos mientras convida a los vecinos del barrio con tragos preparados según las recetas de un viejo lobo de mar de Hong Kong.
Quando el capitán naufraga en las costas del Perú, los vecinos naufragan. A los vecinos, tímidos funcionários, jubilados enfermos de aburrimiento y reuma, se les estruja el corazón quando se ven venir una montaña de hielo que avanza contra el navío, a babor, en el brumoso mar de Norte, o cuando el monzón sopla furiosamente en el mar de Bengala. Todos tiritan de placer cada vez que el capitán evoca a la bailarina árabe que mordía uvas jugosas mientras danzaba en la arena de Alejandría, sin más ropa que una blanca flor en la ingle.
El capitá nunca ha salido de Brasil. Jamás ha pisado un barco, ni un bote siquiera, porque la mar lo marea, pero se sienta en la sala de su casa y su casa se echa a navegar y llega más lejos que Marco Polo o Colón o los astronautas"
EDUARDO GALEANO, Mémória del Fuego - El Siglo del Viento.



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Não, não jogaram melhor. Não, não fizeram o devido para ganhar, nem com mais um, e nem se aproximaram de o merecer. Ganharam, mal ganho, mas ganharam.
A última vez que o Porto ganhou "só" a taça, fiquei frustrado, por saber a pouco. São clubes diferentes e culturas diferentes. Por isso, por terem ganho a taça e por ter sido contra o Porto, a naftalina saiu ontem, em peso, à rua.

sábado, maio 15, 2004

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Os Açores continuam únicos. E a marina da Horta também. A próxima vez que aqui vier, será de barco. Está prometido.


sexta-feira, maio 07, 2004

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Li, há uns dias, um artigo, num suplemento de um jornal diário, sobre uma viagem ao Cambodja. A certa altura, o autor, relata que poderia ter pisado uma mina, com a pressa de encontrar uma moita onde fazer as suas necessidades. A mesma situação (a da moita para as necessidades) aconteceu-me por lá, uma e outra vez, mas pressa, pressa nunca. Isso não existe, não no Cambodja.
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"El caballero o la dama, la señorita o el galán que adquiere golosinas, jamás será un egoísta ni abrigará intenciones demoledoras. Al contrario, tendrá el propósito constructivo y generoso de compartir su compra en el hogar, con la família, con los seres queridos. La paz social se asienta en cierta manera -en cierta importante manera- en el hecho, al parecer trivial, de que el hogareño postre de dulce no falte en ninguna festividad. El paquetito de pasteles es la antibomba por antonomasia, piedra angular del buen deseo."
GUIA DEL GOLOSO, Barcelona, 1958. (via TWS)


"...o chocolate preto inclui substâncias capazes de aumentar a sensibilidade da pele, o que talvez explique a sua fama de doce afrodisíaco,(...) A expressão em língua asteca para designar o cacau, e que deu origem à palavra chocolate, significava dádiva dos deuses.(...) A sensação de felicidade produzida pelo consumo de chocolate, e que, segundo especialistas, é muito semelhante (em termos químicos) à de um organismo apaixonado..."
FAÍZA HAYAT, Revista Xis, 01.05.04

Por agora isto. Quando for maior, falo de charutos. E de vinhos.
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Para hoje, em Barcelona, e de concertos: GZA aka Genius, mais um dos samurais da palavra dos Wu-Tang-Clan; Skam/Quatermass, "...tecnologia futurista, atropelada pela tranquilidade zen."; Goldfrapp + Ms John Soda, a senhora é por demais conhecida, os outros são alemães e dão luta.
O meu programa vai ser, a esta hora, o último vôo da SATA para Ponta Delgada.


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Ainda o Forum. Inaugura, sem hinos nem bandeiras mas com a presença do Rei, do novo presidente, dos "alcaides" da região e até do Director-Geral da Unesco. Haverá um espectáculo de abertura (com água e luz, como sempre), seguido de um concerto de música clássica. Os transportes públicos farão greve. Barcelona. Sem mais.
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Ainda sobre Barcelona, cidades, habitabilidade e urbanismo. Uma coisa para ver e rever, a Barraka. Ideia de um arquitecto, de um historiador e de um professor de uma escola de design, foi criada com o propósito de estimular e consciencializar os futuros profissionais da área, sobre a realidade da habitação nas grandes cidades.

É sempre bom que alguém se lembre de perguntar, para que é que serve, aquilo que faz.
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Começa dia 9, o Forum de Barcelona. Com protestos da imensa maioria dos cidadãos. Os últimos, têm a ver com a proibição, de se levar comida e bebida, para dentro do recinto. Os visitantes, depois de pagarem 21 euros (entrada diária) ou 42 (3 dias), deverão pagar entre 15 a 25 por um menu e 1 euro por uma garrafa de água, pequena. Acrescente-se que a água é da Nestlé, um dos patrocinadores do certame. O evento terá numerosas actividades, espectáculos, conferências (Mikhail Gorbachev ou o ex-primeiro ministro da Irlanda do Norte John Hume, serão alguns dos conferenciantes), quase todas pagas e o seu recinto (do qual já falei aqui), engloba edifícios e espaços, desenhados por reputados arquitectos.
Apesar de divorciado à partida da cidade, de estar mais direccionado para visitantes estrangeiros, de serm cada vez mais, uma operação imobiliária gigantesca, de ser caro, de ser mais um número atractivo do grande circo ou centro comercial que é Barcelona. Apesar de tudo isto, penso que o Forum será um sucesso. Terá um número razoável de visitantes, as obras e espaços ficarão, e atrairão mais visitantes, os novos apartamentos -caríssimos- serão vendidos (principalmente a norte-europeus... sim, agora é moda!), a cidade terá uma área de lazer nova (ainda não falamos dos que, de lá, foram desalojados) e Barcelona, mal ou bem, terá sido capaz de se reinventar. Outra vez. A isto voltarei.

quinta-feira, maio 06, 2004

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Não tenho bilhete para o jogo. Tenho um Barcelona-Dusseldorf-Barcelona pela AirBerlin e muita esperança.
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Parabéns ao Abrupto, pelo 1º aniversário. E pelos "early morning blogs". Well done!

quarta-feira, maio 05, 2004

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Mais Brasil. A Ana e o Alex, dois bons amigos que me fizeram gostar de S. Paulo, vão ser pais. Parabéns!
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Na última semana, parece que toda a gente, -amigos entenda-se- com quem me cruzo, vai ou está a viver no Brasil. Ontem soube que o Tiago se juntou ao Nuno em BH, que a Joana vai para esse mistério que é o Espírito Santo (durante anos, pensei que esse estado, era uma estrada que ligava o Rio à Bahía) e que o Fred lá vai ter depois. Muito bem.
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Existe algo bonito, nesta invernia fora de tempo. É o Mar. Andei, hoje, nas praias, entre Miramar e o Porto. O Atlântico é, sem dúvida, aquilo que de uma forma quase visceral, mais falta sinto em Barcelona.
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"So it was writing that forced me to become a fresh-air fiend, and that madness, that passion, has enlightened me, as the greatest passions ought to."
PAUL THEROUX, Fresh Air Fiend.
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Um amigo, a viver desde há meses no Brasil, inventou isto. É bem bonito e vale a pena passar por lá.
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"Nunca estivemos tão perto de ser música
Como quando a boca de um quase beijava
A alegria que na boca de outro quase
Começava a ser desejo de ser beijada."
EUGÉNIO DE ANDRADE
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O seu a seu dono. Acabei a noite, encharcado, a gritar e a saltar, para um autocarro que entrava num estádio. Soube bem.

terça-feira, maio 04, 2004

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É hoje. A festa perfeita. Onde, por uma vez, o povo, os "doutores" e os caloiros, andam com as mesmas cores. É hoje Porto. Por todos nós.

segunda-feira, maio 03, 2004

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"Fue en 1958, en Italia. La selección de Brasil jugaba contra el club Fiorentina, camino del Mundial de Suecia.
Garrincha invadió el área, dejó sentado a un defensa y se sacó de encima a otro, y a otro. Cuando había iludido también al arquero, descubrió que había un jugador en la línea del gol: Garrincha hizo como que sí, hizo como que no, mintió que pateaba al ángulo y el pobrecito se estrelló de narices contra el palo. Entonces el guardameta volvió a molestar. Garrincha le pasó la pelota entre las piernas y se metió en el arco.
Después, con la pelota bajo el brazo, regressó lentamente a la cancha. Caminaba mirando al suelo, Chaplin en cámara lenta, como pidiendo disculpas por ese gol que puso de pie a toda la ciudad de Florencia."
EDUARDO GALEANO, El Fútbol a Sol y Sombra.

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O menú, da próxima boda real espanhola, será inventado pelos chefs Juan Mari Arzak, do Arzak em Donosti (ou San Sebastián) e Ferrán Adriá do El Bulli de Roses, na Catalunha. Nunca quis tanto ser, ajudante de cozinha.
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O poeta grego, Constantine Cavafy, nasceu e morreu no mesmo dia, 29 de Abril, com 70 anos de diferença. Apesar da sua família ser de Cosntantinopla (sim, sim, já sei que a História lhe mudou o nome), nasceu e morreu, em Alexandria. Viveu em vários lugares: Inglaterra, França ou Egipto, onde terminou os seus dias, em 1933.

Há pouco mais de um ano, decidi ir dar uma volta pelo mundo. Entre livros e conversas fui-me lembrando de uma ideia, umas palavras que há muito tempo tinha lido, não recordando bem onde. Hoje lembrei-me. Aqui seguem.


Ithaca

When you set out on your journey to Ithaca,
pray that the road is long,
full of adventure, full of knowledge.
The Lestrygonians and the Cyclops,
the angry Poseidon -- do not fear them:
You will never find such as these on your path,
if your thoughts remain lofty, if a fine
emotion touches your spirit and your body.
The Lestrygonians and the Cyclops,
the fierce Poseidon you will never encounter,
if you do not carry them within your soul,
if your soul does not set them up before you.

Pray that the road is long.
That the summer mornings are many, when,
with such pleasure, with such joy
you will enter ports seen for the first time;
stop at Phoenician markets,
and purchase fine merchandise,
mother-of-pearl and coral, amber and ebony,
and sensual perfumes of all kinds,
as many sensual perfumes as you can;
visit many Egyptian cities,
to learn and learn from scholars.

Always keep Ithaca in your mind.
To arrive there is your ultimate goal.
But do not hurry the voyage at all.
It is better to let it last for many years;
and to anchor at the island when you are old,
rich with all you have gained on the way,
not expecting that Ithaca will offer you riches.

Ithaca has given you the beautiful voyage.
Without her you would have never set out on the road.
She has nothing more to give you.

And if you find her poor, Ithaca has not deceived you.
Wise as you have become, with so much experience,
you must already have understood what Ithacas mean.

CONSTANTINE P. CAVAFY,1911.
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"Una sociedad es responsable de su destino. Las interpretaciones de que a la Argentina le ocurren las desgracias como si le cayeran meteoritos no son válidas. Hay que hacerse cargo de lo que uno elige, porque estamos en una democracia."
VALIENTE NOAILLES, La Nación, 30.04.04

Não é só nossa, esta tradição de nos queixarmos, de todos os infurtúnios do mundo e de principalmente, atribuir culpas ou obrigações ao estado. Há que querer mudar e assumir a responsabilidade dessa mudança. Há que fazer mais, tentando fazer bem. A isto voltarei.
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"..."Nuestra guerra" -había dicho Hemingway-. Todos decís lo mismo. Como si fuese lo único, lo más importante al menos, que podéis compartir.El pan vuestro de cada día. La muerte, eso es lo que os une, la antigua muerte de la Guerra Civil."
JORGE SEMPRÚN, Veinte años y un día.

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Este fim de semana, dei umas voltas pelo Douro. O Sol, os reflexos, o vale, as escarpas e o rio, o meu rio. Ainda bem que algumas coisas continuam a ter, em nós, este efeito.
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Depois das emoções da Superliga, o futebol volta na terça feira.