…
SIM.
Rita Barata Silvério, no Rititi.com:
Quando em 1998 Portugal preferiu ir para a praia, ficar em casa, dar banho ao cão ou visitar a sogra deixou bem claro que se há um lugar onde ninguém se quer meter é no útero de uma mulher. Votar em nome dele, dar voz a um destino que só compete a quem o traz de fábrica não cabe na cabeça de pessoa crescida, a não ser, claro, na dos senhores que habitam na nossa Assembleia da República. Eles, sempre tão comprometidos para a capa do jornal com o «Portugal real», foram incapazes na altura de deixar de penalizar mulheres que estão dispostas a arriscar a reputação, a vida ou o cadastro, num acto que não distingue classes sociais, consciência religiosa ou estabilidade familiar.
Pedro Lomba, no DN, via Origem das Espécies:
"Vou votar "sim" no referendo porque tenho as minhas razões, mesmo não estando preparado para, com segurança, arremessá-las contra as razões de quem defende o "não". Não tenho argumentos nos quais confie em absoluto. Sou por um "sim" relativista e compromissório. Voto "sim" por um motivo legível: numa controvérsia tão difícil e irresolúvel como a do aborto, o "sim" alarga as nossas possibilidades de resposta aos problemas que o aborto coloca, o "não" fecha essas possibilidades. O "sim" permite-nos evitar as consequências nocivas da aplicação desta lei, conservando o princípio de que o aborto é crime para além das dez semanas. O "sim" permite-nos defender que, sem punição penal para as mulheres que abortem até às dez semanas, o Estado não pode deixar de desmotivar o recurso ao aborto através de centros de aconselhamento e de outros mecanismos de informação e defesa da vida. Vou votar "sim" porque acredito nestes compromissos, porque é no "sim" que encontro maior capacidade para acomodar perspectivas diferentes e combater o arrastamento do problema. Não são razões que me deixem inteiramente confortável. Mas são razões que me fazem pensar que, neste momento, neste Portugal de 2007, o "sim" é a escolha mais desejável."
e
Por quem trata as pessoas como pessoas.
Porque tudo isto é demasiado íntimo, demasiado doloroso e as vidas têm muitas sortes.
SIM.
Rita Barata Silvério, no Rititi.com:
Quando em 1998 Portugal preferiu ir para a praia, ficar em casa, dar banho ao cão ou visitar a sogra deixou bem claro que se há um lugar onde ninguém se quer meter é no útero de uma mulher. Votar em nome dele, dar voz a um destino que só compete a quem o traz de fábrica não cabe na cabeça de pessoa crescida, a não ser, claro, na dos senhores que habitam na nossa Assembleia da República. Eles, sempre tão comprometidos para a capa do jornal com o «Portugal real», foram incapazes na altura de deixar de penalizar mulheres que estão dispostas a arriscar a reputação, a vida ou o cadastro, num acto que não distingue classes sociais, consciência religiosa ou estabilidade familiar.
Pedro Lomba, no DN, via Origem das Espécies:
"Vou votar "sim" no referendo porque tenho as minhas razões, mesmo não estando preparado para, com segurança, arremessá-las contra as razões de quem defende o "não". Não tenho argumentos nos quais confie em absoluto. Sou por um "sim" relativista e compromissório. Voto "sim" por um motivo legível: numa controvérsia tão difícil e irresolúvel como a do aborto, o "sim" alarga as nossas possibilidades de resposta aos problemas que o aborto coloca, o "não" fecha essas possibilidades. O "sim" permite-nos evitar as consequências nocivas da aplicação desta lei, conservando o princípio de que o aborto é crime para além das dez semanas. O "sim" permite-nos defender que, sem punição penal para as mulheres que abortem até às dez semanas, o Estado não pode deixar de desmotivar o recurso ao aborto através de centros de aconselhamento e de outros mecanismos de informação e defesa da vida. Vou votar "sim" porque acredito nestes compromissos, porque é no "sim" que encontro maior capacidade para acomodar perspectivas diferentes e combater o arrastamento do problema. Não são razões que me deixem inteiramente confortável. Mas são razões que me fazem pensar que, neste momento, neste Portugal de 2007, o "sim" é a escolha mais desejável."
e
Por quem trata as pessoas como pessoas.
Porque tudo isto é demasiado íntimo, demasiado doloroso e as vidas têm muitas sortes.
1 Comments:
Mais uma vez, beijos (aqui do íntimo e tu bem o sabes)
Vens a Madrid?
Enviar um comentário
<< Home