sexta-feira, dezembro 15, 2006





No ifs or buts. Whatever the general did for the economy, he was a bad man.


Gosto muito, muito do Chile. Gosto do país, do ar seco de Santiago com os cerros à volta e os Andes ao longe. Gosto dos meus amigos chilenos, do restaurante do JL, das ostras, dos incríveis vinhos, da neve da cordilheira, do deserto de Atacama, das humitas, do Pacífico gelado e das encostas de Valparaíso.

No Chile, morreu uma sombra e um fantasma. Morreu, também um canalha e um traidor.
Morreu quem mandou matar o presidente que o fez comandante en jefe del Ejército e fez assassinar, no exílo e por despeito, o General Carlos Prats, seu antecessor no cargo e que o tinha recomendado como seu substituto. A este, negou depois, as honras devidas de um funeral de Jefe del Ejército. Honras estas que a democracia há dias lhe concedeu.

Na primeira vez que estive no Chile, falar de Pinochet era estragar um jantar ou uma noite de amigos. Era falar de deus ou do diabo. Antes da eleição de Ricardo Lagos, socialismo era uma palavra ainda ofensiva para muitos. Os crimes e as perseguições eram um assunto incómodo e nubloso. A detenção do ditador em Londres foi, considerada por muitos, uma ofensa ao país. Uma amiga dizia-me que preferia que Pinochet morresse, para sair da vida das pessoas e do país, sempre pendente do que fazia ou do que deixava de fazer. Uma sombra.

Das vezes que fui voltando, o país pareceu-me, sempre cada vez, melhor. Mais aberto, mais dinâmico e desenvolvido e com menos polícia na rua. Foi curioso ver pais de amigos meus, pinochetistas convictos, dizerem-me há um ano, que votariam em Ricardo Lagos - antes o anti-cristo socialista - se este se pudesse voltar a candidatar.
Os fantasmas vão desaparecendo, aprodrecendo. Diz o Juíz Baltasar Garzón que morto o principal responsável, a investigação segue o seu rumo. O Chile agradece.
O país é um modelo de estabilidade económica e a outros níveis, no continente. Há um ano, voltou a escolher um socialista, sem folclores nem boinas vermelhas, para presidente. Desculpem, UMA socialista! Num país onde o divórcio se tornou legal há 2 anos, não será pouca coisa.

Quanto ao pretenso mérito do ditador, no sucesso económico do país. Think again. Vão aos livros, leiam os relatórios e falem com os economistas. Depois pesem se o que esse pulha fez, e acumulou, valeu os mortos, os perseguidos, a operação condor e um país dividido. Cada um é, aquilo que escolhe. Mas isso não interessa. "…no sabes como está limpio el aire en este país!", dizia-me, há dias, uma amiga.
Vamos Chile!

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Homenagens de homens fardados... muitas estrelas e honrarias no peito e pouca massa cinzenta... É realmente incrível e lamentável que um dos mais cruéis e sanguinários ditadores do continente sul-americano, que enriqueceu ilicitamente durante anos em que milhares de chilenos ficaram sem emprego e sem liberdade, seja, depois de tudo isto, enterrado com "honras de Chefe de Estado"... Parece piada francamente!!!

1:18 da manhã  

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