segunda-feira, fevereiro 06, 2006

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Isto é bonito.

Porque, mal davam por eles e lá estavam a escarafuncharem-se, a arrancarem-se aos bocadinhos, a lapidarem-se aqui e a retocarem-se ali, as palavras e os olhares como malho e cinzel.
A cada não-piada, sorriso ausente, seriedade presumida, assalto de pânico coração ao alto, de tanto se quererem, mergulhavam-se mais e mais e, enquanto ela se deixava nadar por ali fora a braçadas largas, como quem vai para o meio do oceano sem cuidar das reservas para o regresso à praia, ele tirava os pés da rebentação como se esta o queimasse, corria dali para fora como um miúdo, um medo danado da maré vazia que nem espuma faz quando encontra a margem, e subia e subia as dunas até encontrar terreno seguro e seco, onde se deixava ficar. Só então respirava fundo e descansava, enquanto encenava mais dúzia e meia de respostas prontas.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Algures lá pelo meio, perderam aquilo que poderiam ter sido e migrou-lhes, para sempre e para longe, a beleza que um dia lhes sobrevoara as vidas.
Durante anos, quedaram-se quase-amigos, mas sem a franqueza dos amigos, e quase-amantes, mas sem aqueles estraçalhar de pele e esfrangalhar de alma a que se dedicam os amantes. Foram-se, enfim, quedando pelo pouco, quase lá e quase nada, à beirinha de um Amor e de uma Verdade desperdiçados, que atiraram estupidamente ao ar para quem viesse atrás e os quisesse apanhar

4:39 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Obrigada, Nuno.
:)

Sofia

2:56 da manhã  

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