segunda-feira, junho 13, 2005

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A noite deixou marcas. Morreram dois mundos gigantes.
De Álvaro Cunhal recordo o que ouvia em pequeno - de um lado que era o papão comunista, de outro que foi um homem corajoso entre os mais -.
Foi um figura notável. O homem que desenhava às escuras, na solitária de Peniche; que se licenciou em Direito com 16 valores, dissertando sobre a liberalização do aborto, para um júri presidido por Marcello Caetano. Foi a força e o pulmão maior do PCP, única resistência organizada durante a ditadura. Foi um fenómeno: admirado e temido.
Lidou com a democracia da maneira que achou melhor. Não era a forma certa, disse o resto do Mundo. E ainda bem, digo também eu. Mas ficou o Homem e o seu exemplo. O Cunhal que provocava vénias em Moscovo e invejas nos outros históricos europeus; o homem de belo porte, culto, poeta, escritor, lutador granítico e incansável; o último político que acreditou no que dizia. Morreu uma lenda que nunca quis ser e morre um dos últimos personagens fascinantes, do século XX.

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

" ...A morte saiu à rua num dia assim..." A morte é uma renovação. Não é um fim. Nunca poderá ser um fim.

The Sun

1:59 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Também morreu Bertholo (do movimento KWY) mas ninguém fala disso...

5:50 da tarde  
Blogger Nuno said...

Falam os anónimos. É, realmente, uma pena que o mestre René tenha desaparecido... mas é outro que deixa a obra.

12:09 da manhã  

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