quarta-feira, janeiro 19, 2005

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Também morre quem atira.
O Rappa, versão de Hey Joe (Jimi Hendrix).

Há quatro anos, Marcelo Yuca, o poderoso baterista de O Rappa, foi baleado ao tentar impedir um assalto. O Yuca era conhecido pelo seu trabalho junto da população mais desfavorecida e carente. Há 2 anos li uma entrevista sua onde, paraplégico devido aos ferimentos de bala, dizia que tinha perdido a vontade de viver: Encarei isso muito mal, minha depressão foi aguda(...) não quero ser herói nem coitado. Pouco depois, estive uns tempos no Rio. O Yuca tomava o seu açaí na mesma lanchonete que eu, em Copacabana. A Denise, a dona da lanchonete, dizia-me: Nuno, o Yuca teve aqui ontem. Moço bonito aquele. Dá pena ver como ele tem o olhar assim triste. E tinha.

O Yuca agora anda, ou tenta. Depois de prognósticos negativos, dúbios ou imbecis, o Yuca tem um aparelho inovador, desenhado por uns artesãos circenses que lhe permite ir caminhando de pé tipo Robocop né?, suspenso por uma estrutura. Nada, surfa deitado, saíu do O rappa (ninguém sabe porquê) e toca bateria de novo, com a sua nova banda Furto. Tem uma concessão de rádio FM, onde promove a cultura como fórmula contra o crime. Imcentiva e inventa eventos culturais que tirem a Favela de dentro da Favela, como um autocarro cultural itenerante ou o desenho do maior graffiti colectivo do mundo. Foi, por esta e outras propostas, recebido pelo presidente Lula. Ah e agora o Yuca, entre gargalhadas diz coisas como: Hoje eu faço sexo! Nem mais. Nem herói nem coitado.